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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A vida é a canção - ou uma (con)fusão

Eu poderia passar a noite toda escrevendo. Poderia mesmo. Deve ser culpa da cerveja. Culpa? Não, culpa é coisa ruim. Causa é mais legal, porque também pode ser usada para razões nobres.
Eu tenho tanta coisa pra dizer... Coisas de amores, coisas de amigos, de músicas.
Ah, como eu tenho a dizer sobre músicas. Ou talvez sejam elas que digam sobre mim mais do que eu jamais poderia dizer.

Uma boa música pode te confortar nas horas tristes, te embalar nas horas felizes, te ninar no sono, te acordar da preguiça. Uma boa música pode te revigorar e te levar a levantar mesmo quando tudo diz o contrário. É por isso que eu prezo por elas. E me apego mesmo, como se fossem um grande tônico pra vida. Por que eu tenho certeza que são.

Ah, e como eu gostaria que a minha vida fosse música. E como eu gosto desse êxtase que ela proporciona. Não há amor bem vivido sem uma boa música. Os melhores amores são música, são filme, são sonho.
E eles nem precisam durar para sempre. Podem ser o seu tempo, com o introdução, o êxtase e fim.
Breve, rápido, mas lindo, prazeroso e inesquecível.

Quisera compor a minha música da vida, controlar pelo menos a cadência de alguns versos. Os mais difíceis de metrificar porque não dependem só da gente. Os versos dos amores, por exemplo, que tantos outros motivam. Às vezes, parecem separados em teasers, que deixam sempre algo no ar. Não dá nem tempo de arriscar pra ver no que dá. Dura só o tempo suficiente para ter cara de programa piloto, e já é o suficiente para deixar saudade. Mas, é complicado quando se fica com uma única versão, passando a amar e idealizar com toda a força.

Sabe quando você pensa estar escrevendo os melhores versos da sua vida? Acha mesmo que ela vai virar uma canção daquelas bonitas que você sempre viu por aí. De repente você perde um trecho, tem um branco, porque a canção só funcionaria se passasse a ser uma parceria. Não tem como continuar sozinha. Mesmo que você crie os personagens, eles ficam sem vida se não forem reais. Eles precisam se inserir e entrar de cabeça com você na canção, pra ela poder seguir o seu rumo e ser a melhor. A vida às vezes tem dessas. Nem sempre a parceria dá certo.

Às vezes, ela parece começar na cadência perfeita, e vai seguindo num ritmo surpreendentemente bom. A melhor canção que você já ousou começar. Só que em algum momento, o ritmo foi tão envolvente, que você se perdeu na levada. E a parceria, que era boa, acaba, também trôpega, errando no verso, encontra com outra. A ponto de você não saber porque a sua canção parou, nem em que momento a outra parte se perdeu entre duas canções e foi continuar o seu ritmo tão longe.

O que você sabe é que a sua saudade vem compondo outra canção, quase se assemelhando à “Desilusão, desilusão, danço eu, dança você na dança da solidão...”.  Mas, ela fica apertada dentro desse seu coração enorme.

Você faz outra canção tentando resistir a ela, mas já é outra bem diferente. Mais alegre, de força, de superação de quem se sente tão impotente diante de um amor tão grande guardado que tenta investir a força toda dele e reverter pra todas as outras coisas da vida. E trabalha, e canta, e samba, e vive, com toda a paixão que pode.

Transfere para a vida todo o amor que não pode dar a alguém. Talvez essa seja a forma mais bela de esquecer... Transformando o que poderia ser uma triste canção de amor e saudade, proveniente da expectativa, naquela que embala toda uma vida cheia de alegria, bons amigos e boas intenções.

É bonito ver tamanho esforço, mas o amor está sempre lá, num cantinho qualquer. Porque por mais que você transforme a energia, ela deixa um resíduo prontinho para reagir com outras substâncias e tomar grandes proporções novamente. É como um esboço de canção que perdeu o ritmo, mas não morreu. Apenas adormeceu. Está no que se chama de estado de latência, pronto para se tornar aquilo que o tempo fizer dele. Só depende de você.

A vida vai fazer o seu trabalho e um sentimento desse pode ser uma fonte de grandes problemas ou continuar sendo o tônico das suas alegrias. Sim, porque as lembranças boas têm esse poder de te fazer feliz em qualquer dia da sua vida. Saudade boa existe. A única maneira de não ser feliz é encarando tudo isso com amargura. Mas a sua canção alterna entre a doçura, a euforia, talvez até tenha um quê de azedume em algumas partes, só não há espaço para a amargura e nem pra nenhum dos seus variantes.

Seja doce, apenas. E não haverá nenhum meio do universo não conspirar a seu favor, ainda que canções sejam interrompidas, cruzadas, terminadas... Enquanto elas existirem, você tem o tônico da sua vida – com o melhor dos gostos. 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Pensando a tempestade.

Chove chuva!
Lá fora ela cai intespestuosamente
E eu, aqui, protegida no abrigo do meu lar
(Que tempos depois não serviria de abrigo a ninguém)

Ás vezes, eu invejo a intempestuosidade da chuva
Com ela ninguém pode!
Sua falta provoca o caos
Seus excessos a catástrofe

Mas, nem sempre ela destrói
A chuva precisa cair na medida certa
Pra deixar saldo positivo

Mas, ela não conhece limites
Acerta por acaso, erra na mão por descuido...
Assim como todos nós

A chuva, quem diria...
É destemperada como os humanos errantes
E segue deles a mesma lei:
A da implacável e bela natureza.

Itaipava, 11 de janeiro de 2011